23 dezembro 2012

A Escolha, por Nicholas Sparks.

Postado por O Poeta Morre na Folha dia 23.12.12
A Escolha
Skoob
Onde comprar: Submarino| Saraiva
Editora: Novo Conceito.
Páginas: 307.


É possível reconhecer uma história do Sparks por três coisas: I, Ele está falando de amor, seja entre pais-filhos ou homem-mulher. II, Sempre há um impasse trágico na história e algo que impeça o romance (e digo romance não apenas no sentido amoroso) de vingar ou florescer. III, Ele é um futuro Shakespeare, na minha opinião.


O livro é dividido em duas partes. Somos apresentados muito brevemente ao ano 2007, onde o protagonista precisa fazer uma escolha. Uma que mudará sua vida (e não apenas a sua) para sempre. E, de uma vez por todas, ele está prestes a deixar que sua fé seja testada. Depois regressamos ao ano de 1996, onde tudo começou. E é óbvio que o cenário não poderia ser outro: Carolina do Norte.


Travis Parker é um veterinário enclausurado na clínica que fora do pai, dando sequência ao trabalho do homem e apaixonado por animais. Leva uma vida tranquila em sua casa beira-mar ao lado de seus amigos, que já estão casados, mas nunca o deixam de lado. Pelo contrário, uma das esposas até tenta arranjar uma namorada para Travis e é muito engraçado vê-la tentar. Entretanto, apesar dos esforços, os relacionamentos são efêmeros. Como um sopro de vento. Até o dia em que conhece a furiosa Gabby Holland, sua vizinha.

Então, o que poderia existir de diferente em A Escolha? O que poderia ter esse “quê”, se é uma história comum – ao modo Sparks de ser –, com dois vizinhos, um veterinário e uma mulher que tem verdadeira paixão por sua cadela chamada Molly? Aparentemente, nada. E o conflito surge exatamente aí, quando Gabby percebe que a sua “bebê” está grávida, ela tem a certeza de que o responsável pelo ocorrido é o cão de Travis. E ele precisa ouvir umas verdades de sua boca, não precisa? Ora, é da honra de Molly que estamos falando! E o que ela fará com os filhotes? O que o cachorro dele estava pensando, afinal? (como se pudesse pensar!).

A partir daí, uma amizade bonita nasce entre os dois, sem falar nos cães. Sem falar também na relação de Gabby com os amigos de Travis. Foi como se ela fizesse parte da família. Eis o quê, então: Esse é um livro do Sparks que me surpreendeu do começo ao fim, apesar dos clichês. Além de ficar absorta no incrível romance que se desenvolve como se não fosse nada além de um flerte de verão, e depois se transforma em algo tão necessário. Tão vivo. A amizade que nasce entre os dois, para começo de conversa, não é tão de repente. Não havia excesso nas flores, nem nos espinhos. Não havia exagero. Havia humor. Dei boas risadas com esse livro, o que é raro, pois geralmente fico com o coração apertado e miúdo no peito quando leio um livro desse autor.

Eis um livro do Sparks em que o romance se desenrola tão livremente, tão leve, tão natural, que é impossível não querer perguntar ao próprio Nicholas: “cadê o meu autor trágico e o que você fez com ele?”. Não esperava aquele final, aliás, o título é muito sugestivo e só consegui pensar que escolha seria essa. O tempo todo esperei por X e quando Y aconteceu, eu realmente quis aplaudir de pé por ter me enganado tão bem! Os conflitos são tão críveis que poderia me colocar no lugar dos protagonistas facilmente. Destaque especial para Stephanie, a irmã do protagonista. Ela e seus conselhos bárbaros nos momentos mais exatos.

Espere um momento. Eu disse que quis perguntar ao Sparks o que ele havia feito com o meu autor trágico? Bom! Ele realmente me surpreendeu com a doçura desse romance, com a leveza, com o humor irônico dos personagens que não ofuscou os secundários. Mas, você sabe, é de Sparks que estamos falando, é claro que haveria uma tragédia e um “não posso respirar” durante a leitura. É claro que me arrancaria lágrimas. É claro que me faria sonhar e me desesperar. É claro. E não seria ele se não o fizesse.




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